A rapariga com um protector de orelhas esperava o metro com os livros debaixo do braço. Tinha aquele ar fresco e irritantemente sadio de uma adolescente. Bonita, demasiado bonita. Revelava uma preocupação exagerada com a indumentária. Notava-se na particularidade dos acessórios, na vaidade que transparecia e na procura de olhares cobiçosos. Nestas situações pergunto-me quem é a vítima e quem é o predador: se a inocente adolescente se o solitário cinquentão. O quadro é quase identicamente absurdo a uma suculenta zebra a passear-se despreocupada entre leões esfomeados. A única coisa que impede os leões esfomeados de saltarem para cima da zebra é mesmo só a filha da puta da racionalidade. De que alguns abdicam e depois são presos. Antes vestissem uns trapinhos menos chamativos à zebra, já que a racionalidade já não é o que era.
PS: post assumidamente escrito em estado de ressaca do filme Hard Candy (2005). Não gostei assim por aí além, ou seja, não gostei muito, mas faz pensar numa polémica ou duas.
PS: post assumidamente escrito em estado de ressaca do filme Hard Candy (2005). Não gostei assim por aí além, ou seja, não gostei muito, mas faz pensar numa polémica ou duas.