23.7.08

Sonhar com Anton

Quando vi o último filme dos irmãos Coen, No Country for old men, a personagem Anton Chigurh povou-me os sonhos logo nessa noite. Nem aquele corte de cabelo completamente improvável desmancha-lhe a frieza, ao contrário, acentua-a. Os olhos grandes e raiados, a voz funda, a inteligência a pingar de cada palavra e a resvalar para a loucura compõem uma obra prima. Conheço o Javier Bardem há alguns anos, conhecia-lhe um talento assinalável, mas a sua interpretação neste filme é algo no mínimo perturbador. Na altura da estreia do filme ouvi um dos irmãos Coen (não os sei distinguir) a dizer que a ideia para a construção de Anton era a encarnação da morte, um elemento contrastante com o oeste americano, algo que se notasse fora do seu elemento. Pode-se dizer, como se costuma dizer dos jogadores de futebol, que o Javier cumpriu na perfeição. Mais não lhe poderíamos pedir. Menos talvez pedisse para evitar terrores nocturnos. Há muito tempo que não tinha pesadelos, muito menos por causa de personagens de filmes. Esta capacidade para mim bate qualquer prémio da academia.

(vale a pena clicar na imagem, aumentar e olhar-lhe nos olhos)

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