29.12.07

candy not "candide"

A rapariga com um protector de orelhas esperava o metro com os livros debaixo do braço. Tinha aquele ar fresco e irritantemente sadio de uma adolescente. Bonita, demasiado bonita. Revelava uma preocupação exagerada com a indumentária. Notava-se na particularidade dos acessórios, na vaidade que transparecia e na procura de olhares cobiçosos. Nestas situações pergunto-me quem é a vítima e quem é o predador: se a inocente adolescente se o solitário cinquentão. O quadro é quase identicamente absurdo a uma suculenta zebra a passear-se despreocupada entre leões esfomeados. A única coisa que impede os leões esfomeados de saltarem para cima da zebra é mesmo só a filha da puta da racionalidade. De que alguns abdicam e depois são presos. Antes vestissem uns trapinhos menos chamativos à zebra, já que a racionalidade já não é o que era.

PS: post assumidamente escrito em estado de ressaca do filme Hard Candy (2005). Não gostei assim por aí além, ou seja, não gostei muito, mas faz pensar numa polémica ou duas.

1 comentário:

ML disse...

Não sejas assim. O filme é bom. Intenso. É a justiça popular em filme. A miúda é a Kitty Pryde dos X-Men 3 :)