2.9.08

chovia

Não gosto muito de falar de actualidade, de notícias e coisas demasiado concretas e demasiado pontuais. Como tudo o que é dessa natureza esgota-se na sua curta duração. Prefiro pretéritos imperfeitos que se prolongam inacabados até ao presente ou, quem sabe, até ao futuro. São os pretéritos das memórias, das histórias mais ou menos ficcionais, dos hábitos mais ou menos rotineiros. O presente esgota-se no segundo em que existe. Parece demasiado efémero para ser agarrado. A dicção apressada dos locutores dos telejornais, dos repórteres parece querer alcançar o inalcançável. Os notíciários, bombeados pelo sensacionalismo agora em voga, dão-nos o imediato, o hoje, talvez o ontem, outras vezes uma previsão do amanhã (vai chover, a bolsa vai cair, o furacão Gustav vai chegar ao Louisiana) e nada mais. Preciso de mais.


Não obstante tudo isto, discerni o seguinte: a "conjuntura actual" (que é o termo devidamente abrangente e indefinido de que se precisa) vai levar-nos a uma crise sem precedentes. Tenho para mim que o melhor era ir comprar alguns enlatados ao lidl, embalar os meus livros, juntar umas cobertas e escavar um abrigo. Nunca se sabe.

2 comentários:

Anónimo disse...

«Prefiro pretéritos imperfeitos(...)». Eu sabia que tinhas queda para ser historiadora. Oh, não imaginas quão orgulhoso me sinto de ti.

Maria del Sol disse...

Eu troco o abrigo-buker por uma casinha de piso térreo com vista para o mar, caiada de branco e com uma cama de rede no terraço. Não durava um segundo quando houvesse um raid aéreo, mas talvez morresse feliz.

(Sim, este devaneio é a ressaca de fim de férias a falar por mim)

Beijinhos!