12.1.09

He came dancing across the water

Partilhar a mesma almofada há tanto tempo dá nisto: contágio irreversível. Comecei por achar a voz do Neil Young efeminada, depois apenas fraca, até que hoje a comparo a uma chama periclitante numa vela cujo rastilho já pouco tem por arder... mas continua a arder, há 40 anos de carreira. A sua voz é hoje um pouco da minha casa. Tem, a par da Joni Mitchell, o poder raro de me conseguir aconchegar no seu timbre. Entranhou-se. Mas tanto tanto que até dói.
(E falo apenas de timbres e sons e melodias, para falar das letras teria de discorrer sobre os poderes ancestrais da poesia. Aqui não dá.)
Obrigada por isso e por todo o tijolo, cimento e lágrima. E o que eu queria mesmo, com toda a força com que se pode querer e crer, era dar tanto quanto recebo. Aí tudo seria perfeito.

A t-shirt e boné à sem-abrigo, o esquecer-se sequer de olhar para o público, a pura curte de estar a tocar com os amigos e alongar a música até aos 11 minutos, só aumenta o grau de dependência.

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