30.11.09

here comes joni again

Às vezes lavramos em terras alheias o nosso sofrimento. Sabem melhor as palavras cuidadas e a voz seráfica da Joni Mitchell para dizer o que aperta as veias e acelera a corrente sanguínea. É uma urgência que não se diz. Fica presa à música certa por finas pinças e cabe a quem sente articulá-la cuidadosamente e compreendê-la, como quem ordena as peças de um puzzle.
Por outro lado, nestes momentos, a rapariga com chapéu-de-chuva é uma personagem que me entra muitas vezes pelas palavras dentro. Intromete-se no que quero dizer e metaforiza-se no que me (co)move. Ela fica ali, sozinha, chapéu aberto contra o céu, desafiando o pior temporal que venha e que a leve em voos de mary poppins pelo mundo fora. Gosto dela pela coragem e pelo círculo fechado que a envolve sempre. Pelo rosto velado e sério, pelos pés juntos e disciplinados. Nunca ninguém entrará naquele círculo e assim ela estará sempre segura, apenas entregue ao vento e à sua vontade que é da mesma madeira que ergue o mundo.

i wish i was her. like she is me.



(e entretanto chega a Joni, a cantar my old man, a tempestade passa e a menina do chapéu-de-chuva não voou)

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