27.2.10

Os dias correm mansos quando estão alinhados no tempo pela trança da rotina. De vez em quando há fios que se querem soltar, rebeldes, não querem entrançar com o próximo, mas acabam por dobrar a vontade eriçada e desaparecer no meio da tessitura grossa. Até um dia, por acaso, um fio ser puxado, e toda uma tapeçaria gigantesca e barroca de traço se desfaz num ápice.

Resta-nos os dias loucos que nos sacodem, nos lembram que estamos vivos e enlaçam nós cegos que nunca mais na vida iremos conseguir desfazer. Nem esquecer.

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