6.6.08

Gente cá de casa


Entrou em casa a uma hora inesperada, como sempre, sacudiu as gotas de chuva do casaco e tirou-o, cuidadoso. Pousou a mala a tiracolo, retirou lá de dentro o jornal impecável, descalçou-se com alívio e olhou-me articulando um sorriso meio ensaiado meio espontâneo. Sorri de volta, agradada por tê-lo perto. Deu umas voltas pela casa, preparou uma bebida quente, beijou-me e disse boa tarde com carinho. Tomou um duche, trocou de roupa, sentou-se no sofá e perguntou-me o que estava a fazer. Nada, estava à tua espera. Então, com um ajeitar dos óculos, aconchegou-se no sofá, relaxado e começou a dissertar sobre os males do mundo como ninguém.

(Nunca li nenhum livro do Luiz Pacheco, nem mesmo as entrevistas organizadas pelo George, mas tenho-lhe, por outra via, uma familiaridade caseira. daquelas que toleram pijamas foleiros, cabelos despenteados, mau-humor matinal e outros acepipes)

1 comentário:

querercoisasimpossiveis disse...

"Estou arrependido. Fui duro, fui cruel, fui audaz, fui desumano. Fui pior, porque fui (muitas vezes) injusto e nem sei bem ao certo quando o fui. Fui, o que vulgarmente se chama, um tipo bera, um sacana. Não peço que me perdoem. Não quero que me perdoem nada. Aconteceu assim."