No meu primeiro blog, há alguns anos, prestei-lhe homenagem. À minha maneira, fantasiei alguns textos sobre episódios da sua agitada vida. Recriei a sua viagem pelo mundo, sozinha, durante a qual privou com o último imperador chinês (sim, o mesmo do filme); reinventei o seu sofrimento nas 23 vezes em que foi presa (uma delas durante 5 anos); ensaiei os seus projectos e protestos políticos; amei Oswald, amei Geraldo; imaginei-a perdida pelas ruas de Paris, estrangeira, comunista, refugiada e finalmente deportada para o Brasil; arranjei lugar em mim para o cancro que lhe tirou a vida aos 52 anos. Vivi-lhe a vida por algum tempo, senti-me a Patrícia Galvão a atravessar as primeiras décadas do século vinte com uma audácia e inteligência incomparáveis.
Tenho, por algumas mulheres, a atracção e admiração que seria esperável ter apenas por homens. Não se trata de uma confissão, mas antes de uma constatação. E constato isso como quem descobre um talento novo.
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