6.3.09

Ciro e os lídios

Só quem for surdo não ouve o que dizem os animais, uma vez no cativeiro, dão evidentes sinais do conhecimento que têm da sua desgraça e deixam ver perfeitamente que se sentem mais mortos que vivos, continuando a viver mais para lamentarem a liberdade perdida do que por lhes agradar a servidão. (...)
Esse estratagema com que os tiranos embrutecem os súbditos está, mais do que em qualquer outro lado, explicitado no que Ciro fez aos lídios depois de se ter apoderado de Sardes. Fundou nela bordéis, tabernas e jogos públicos, mandando apregoar um decreto em que obrigava os habitantes a frequentá-los. Tão bons resultados teve esta guarnição que foi desnecessário daí em diante levantar a espada contra os lídios. Os desgraçados divertiram-se a inventar toda a casta de jogos.*

O ser humano não tem, na sua natureza, a liberdade.
E esta é uma das constatações mais tristes que fiz até hoje.

*in La Boétie, Discurso sobre a Servidão Voluntária

1 comentário:

Paulo disse...

há momentos em que tenho tanta, mas tanta vergonha de ser humano..