RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
CDA
E agora eu mais o meu ano novo cochilante vamos tratar de lavar a roupa suja do ano velho, que não primou pelo asseio, e receber o primeiro de janeiro sem merdas nem poeiras debaixo dos tapetes. Até p'ra o ano.
31.12.08
tempo já vivido mal vivido ou sem sentido
27.12.08
Doce misogenia
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança p'ra chorar o meu perdão, qual o quê! Diz p'ra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida p'ra agradar meu coração. E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado, como vou me aborrecer? Qual o quê! Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato e abro os meus braços p'ra você.
17.12.08
incisão
9.12.08
Instinto
6.12.08
Meu
Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
25.11.08
20.11.08
peixe morto
Ou do lado de lá?
De que lado estou eu agora que escrevi estas palavras?
3.11.08
30.10.08
my own private caos*
16.10.08
your favourite darkness
Ou julgas que és.
O que é que o espelho te devolve quando apagas a luz? Escuridão? Abre os olhos. Nunca deixaste de ser tu. Os anos passaram-te no desgaste epidérmico mas não te chegaram à alma. Quem julgas que és para desistires? Só aqueles que nunca rasgaram as mãos para ver as veias a vazarem o sangue é que podem desistir. Os outros ficam presos à vida por força de poemas pessoanos, timbres cohenianos e outros estupefacientes que tais. Estás aqui. Hoje. E o dia ainda nem sequer acabou.
14.10.08
Celebração do vermelho
26.9.08
Exorcismo*
There's a psychic caveman whispering under your pillow
inserting words into your head
like coins you cannot recover.
*ou há palavras que se nos colam à pele e que é preciso darmos-lhes pernas e braços para andarem daqui para fora. Estas já me chupavam o sangue há alguns dias. Ite.
25.9.08
Um Duelo...
"O meu amor" um dos temas da Ópera do Malandro de Chico Buarque.
...É sempre sobre Possessão.
19.9.08
Cede-se
10.9.08
Statement*
*ou há noites em que acordo ofegante quando tudo o que quero dizer passa-me vertiginosamente à frente dos olhos antes que consiga sequer entreabrir os lábios.
9.9.08
A contas com o bem que tu me fazes
Partir. Sem saber para onde, sem saber para quê, apenas porque cá dentro há inquietação. Ser a pessoa que sou e não abdicar disso por nada. Ser só, mas ser inteiro.
Mas tudo isso é ficção, lê-se nos livros.
Consegues pôr o pé aqui no chão e viver a realidade assim?
4.9.08
2.9.08
chovia
Não obstante tudo isto, discerni o seguinte: a "conjuntura actual" (que é o termo devidamente abrangente e indefinido de que se precisa) vai levar-nos a uma crise sem precedentes. Tenho para mim que o melhor era ir comprar alguns enlatados ao lidl, embalar os meus livros, juntar umas cobertas e escavar um abrigo. Nunca se sabe.
1.9.08
world gone wrong
O mau: tudo o resto.
Café 1eur Leadbelly 3,75eur
(E a conversa termina por aí mesmo com a sensação solene de que uma verdade foi dita.)
29.8.08
22.8.08
(não me posso esquecer é que "para trás" também tem os seus abismos e montanhas, já que muitas vezes contornei os problemas em vez de aplainar a paisagem)
Bloqueio.
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20.8.08
O amor ao canto do bar vestido de negro...
...porque outra cor qualquer feriria os olhos e a alma de tão viva.
deixa-o dormir o nosso amor, um bocadinho mais
deixa-o dormir, que viveu dias tão brutais
18.8.08
mitos
11.8.08
os pés no chão
6.8.08
Soneto da fidelidade
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
1.8.08
Amoras
29.7.08
23.7.08
Sonhar com Anton
17.7.08
14.7.08
8.7.08
how to become an atomic bomb.
27.6.08
Remorso
(José Gomes Ferreira por Mário Viegas, no tempo em que a poesia ainda se declamava e o público se sentava em silêncio e ouvia. Não sou saudosista, mas há coisas e pessoas que me custam a perda como a morte de alguém querido)
24.6.08
Pagú
19.6.08
Cilício
13.6.08
12.6.08
Dolls
9.6.08
A dança da solidão
6.6.08
Gente cá de casa
3.6.08
De volta...
in Um Beijo de Columbina de Adriana Lisboa
27.5.08
26.5.08
Prova viva
Hoje vamos estar com ela no Coliseu. Ansiosos, atentos, apaixonados, deslumbrados. We love you, girl.
Misfits
21.5.08
Vermelho...
A Monica arrasta atrás de si uma sensualidade absolutamente pecaminosa. Tanto que ao representar Madalena redimida, de unhas e cara suja, ninguém poderia deixar de fantasiar o corpo que as vestes largas e esfiapadas escondiam. Penso: com certeza maior tormento terá sentido Jesus ao deixá-la na terra, que ao sentir as chagas abrirem-se na sua carne.
20.5.08
Botto
Essa noite foi há 7 anos, as pessoas que lá estavam já não fazem parte da minha vida há quase tanto tempo. O vizinho do cd na mão e garrafa debaixo do braço, a pessoa mais interessante que lá estava, desapareceu completamente. Eu própria, a que estava lá nessa noite, já não sou eu. E ainda bem. Já me tinha suicidado se fosse.
19.5.08
Innuendo
Faço agora homenagem a quem me matou o sonho. Assassino de causas nobres a quem ensaio vénias em vez de represálias. Afinal, se os sonhos não morrerem, acabam por envelhecer, manquejar, desfigurar e transformar-se em assombrações que nos tiram o sono à noite e o sorriso de dia.
If there's a God or any kind of justice under the sky
If there's a point, if there's a reason to live or die
If there's an answer to the questions we feel bound to ask
Show yourself - destroy our fears - release your mask
16.5.08
15.5.08
Títere
Nos dias em que me sinto um mero títere em mãos austeras, apetece-me cortar os fios e morrer.
Só para demonstrar a minha superioridade.
13.5.08
Jean genie, let yourself go *
Confissão em tom bowieano
I'm an absolute beginner
As long as we're together
I a b s o l u t e l y l o v e y o u !
12.5.08
Si ya te ha dado vida, quieres más?
Essencialmente, existiram duas razões pelas quais me deixei encantar pelo filme sobre a vida de Frida Kahlo: uma foi a música da Chavela Vargas, outra foi a loucura da pintora mexicana. Incrível como encontramos, noutras pessoas, refúgio para a nossa loucura, encoberta. Desconcertante como julgamos loucos quem é genuíno e honesto consigo próprio e com os outros e não tem receio de o mostrar. Aquele que diz sempre a verdade é tido como tonto, é o Parvo de Gil Vicente. Único aquele que consegue viver assim, coleccionando rótulos e utilizando-os em composições magníficas longe dos olhares. Essas pessoas são autênticas ilhas, preciosas, por isso raras. A Frida era uma dessas pessoas, mas eu conheço outra. E é minha.
Si porque te quiero quieres, Llorona
Quieres que te quieres más?
Si ya te he dado la vida, Llorona
Qué mas quieres?
Quieres más?
8.5.08
naïf
O amor é ingenuidade. O conhecimento e a experiência são as duas irmãs malévolas que obrigam a cinderela a lavar-lhes os pés gordos e mal feitos.
6.5.08
Use the Force
Descobri que o Darth Vader é afinal um menino perdido, sozinho, que perdeu a mãe, a namorada e os filhos, assim sem mais nem menos. Já não acho piada à imitação da sua voz ventilada.
Com o Chewie posso continuar a gozar, não me tocou especialmente.
30.4.08
Heartattack and vine ou...
...If you want a taste of madness, you have to wait in line.
Se este senhor abrisse um cabaret com este nome, eu seria uma bailarina cancan chamada Jersey.
29.4.08
wrong perspective
(foi amor à primeira vista, eu e o Tiny. desconfio que ele já cá morava secretamente, debaixo da minha almofada.)
28.4.08
Janis Joplin - Cry Baby
(hoje apetecia-me conseguir gritar assim a minha vontade. dar tudo de mim num só fôlego. e, no final, entregar os braços às asas de pássaros marítimos.)
24.4.08
João Portugal Ramos...
(este dia cheio de sol trouxe-me à pele os idos verões da faculdade, em que facilmente optava pelo caminho da praia em vez do caminho para a cidade universitária. Liberdade de escolha. Liberdade. Coisa perdida nestes dias.)
23.4.08
Cate
22.4.08
Bolor
Que estupidez! Sou uma vítima da nostalgia, da mais bolorenta e sensaborona nostalgia.
21.4.08
Hound Dog
(às vezes apetece-me disparar, sem piedade ou cuidado, o que as pessoas realmente são. E, em vez de esperar uma incrédula resposta, oferecer a imagem curvilínea das minhas costas. You ain't no friend of mine.)
17.4.08
Livre arbítrio
The great escape - Marillion
16.4.08
Aracne
14.4.08
Para ver as meninas
(se eu encontrasse um dia a Marisa, dizia-lhe: canta esta para mim, que morrerei feliz. e morria.)
10.4.08
IV
Foto: Ana Franco/Olhares
9.4.08
Perfide Manon
Esta interpretação a mim basta-me para compreender a Brigitte, a Jane e outras tantas que se enlaçaram nos braços de Gainsbourg. Apesar de tudo.
8.4.08
IX
7.4.08
Remar
Sigo-te sem olhar para trás, sem deixar pedras a marcar o caminho. Quero que esqueçamos um possível regresso. Somos assim. Não há para onde regressar. A tua revolta é a minha ainda que com cor e gesto diferentes. A tua voz é o meu farol. Guia-me, a noite (a vida) é nossa.
19.3.08
Cativa
17.3.08
Remember me
...With you my life, my life
Has been so wonderful
I need your love
I need you to hold
All day and all night
Remember me
Don't ever forget me child
We are all only here
Just for a little while
Please, please, remember me...*
Desejar que os dias passem direitos como uma flecha apontada ao coração. Querer olhar para trás sem ser apanhado nessa fraqueza. Mas diz-me, não moramos todos sob o jugo dos mesmos quereres? A bala que disparaste ao teu futuro fez ricochete e juntou-nos. Ainda bem.
*Otis Redding by Cat Power
10.3.08
Perdoai, que eles não sabem o que fazem
Querer agarrar os dias à força de rédeas invisíveis que há muito escorregaram dos dedos.
As mãos já não semeam, plantam ou colhem, são estéreis como a pedra macia que me nasceu no peito.
Querer agora que passem cem anos num segundo, fechar os olhos com força e desejar-te aqui, agora que já não queres.
Olhei-te com tanto sangue que me esvaí a teus pés e ao teu desprezo.
Liberta-me do chão onde me deixaste entranhar. És tu a culpa e o sol que me acordam de manhã.
it doesn't matter if we all die.
A vida às vezes é filha da puta, mas essa tal puta, coitada, com tantos rebentos por esse mundo fora, não tem a culpa da vida que eles escolheram.
6.3.08
Porém, Cahit renasceu das cinzas e Sibel nunca mais se tentou suicidar.
5.3.08
Trust (does anybody these days?)
Robert Smith na sua pálida e negra criatividade existe para semear um caminho de melancolia por onde quer que passe. Lisboa com certeza não será excepção no próximo dia 8. Espero de mãos postas juntar-me à procissão dos enfermos e prevejo que os sintomas da doença se prolonguem, pelo menos, até meados do mês. Desejo as melhoras a médio prazo aos meus pares e a tumba para quem não sabe do que estou a falar. No hard feelings.
there's no-one left in the world that i can hold on to. there is really no-one left at all. there is only you.
4.3.08
Contra a parede
25.2.08
hoje não
20.2.08
Chan Marshall
Parece que esta gaiata vais estar novamente entre nós. Batam em latas! Estalem chicotes! Que desta vez vamos estar juntas! (na mesma sala pelo menos). Admiro-a sobretudo pela simplicidade. Pela forma como é linda, como canta, como compõe, como leva a vida, como sussurra you are free, como se vicia em tudo, como erra, como ser complexo que é e, ainda assim, como consegue ficar perfeita de franjinha, cara lavada, sardas e um campo de flores por trás. Sou assim todas as noites nos meus sonhos.
18.2.08
Chuva
14.2.08
Porque o Dylan diz muito mais que esse tal de Valentim
...Now, little boy lost, he takes himself so seriously
He brags of his misery, he likes to live dangerously
And when bringing her name up
He speaks of a farewell kiss to me
He's sure got a lotta gall to be so useless and all
Muttering small talk at the wall while I'm in the hall
How can I explain?
Oh, it's so hard to get on
And these visions of Johanna, they kept me up past the dawn...
7.2.08
castigo dos deuses
Se eu não estava bem melhor só com o meu presentezinho, sempre fresco, sempre acabado de viver e sem pó ou teias de aranha a atrapalhar-me os movimentos.
Quer-me parecer que assim provavelmente seria um peixe, sempre perdida algures num oceano inteiro para descobrir porque sem memória suficiente para saber onde já tinha estado. Dory?
31.1.08
30.1.08
nostalgia da infância
Alguém um dia me disse que quando ouve falar de nostalgia de infância leva imediatamente a mão à carteira. Hoje é um desses dias. Não confiem em mim, que eu estou com a cabeça enfiada no baú das recordações.
28.1.08
A propósito
Os amores são facas de dois gumes têm de um lado a paixão, doutro os ciúmes. São desencantos que vivem encantados como velas que ardem por dois lados.
Aos amores!
Brindemos aos amores!
19.1.08
Inocência
se tu ainda não tens
Esse dom de saber iludir?
Pra quê?! Pra que mentir
Se não há necessidade de me trair?
Pra que mentir, se tu ainda não tens
A malícia de toda mulher?
Pra que mentir se eu sei que gostas de outro
Que te diz que não te quer?
Pra que mentir
Tanto assim
Se tu sabes que eu já sei
Que tu não gostas de mim?!
Se tu sabes que eu te quero
Apesar de ser traído
Pelo teu ódio sincero
Ou por teu amor fingido?!
Texto: Noel Rosa
Às vezes olho por cima do ombro ou escuto uma conversa entrelinhas (ou ligo a tv) e pergunto-me com que pedra e com que cal se constróiem as relações nos dias de hoje.
16.1.08
12.1.08
Beauvoir e Sartre
Penso que a tão conhecida metonímia "cigarro pensativo" seria pobremente substituída por um café pensativo ou até, para os mais saudáveizinhos, por um néctar de manga laranja pensativo.
Alguém já pensou no bem que o esfumaçar cigarros faz à mente humana? Que enegreçam os pulmões, p'lo bem do intelecto!
9.1.08
Pequenos Castigos
6.1.08
Desalinho
Essas pessoas estão perfeitamente incluídas (ou absorvidas pela) na sociedade: vestem-se como é suposto vestirem-se, dizem o que é suposto dizerem e pensam o que é suposto pensarem. Têm por princípio pensar em e nunca pensar sobre. Pensam em trabalho, na família, nos amigos, na namorada, em sexo, em férias, mas não se conhece nenhum caso de sucesso em que a fronteira tenha sido ultrapassada. O pensar sobre é um crime social porque está perigosamente ligado à mão no queixo, ao raciocínio, ao perceber a ligação entre os acontecimentos, questioná-los. Não se questiona nada quando se está no caminho para a Felicidade: casa e carro a prestações, marido, filhos e um PPR que é só vantagens.
Eu sou uma pessoa que não sabe o que quer. Portanto nada do que disse atrás se aplica à minha realidade. Olho para o futuro e vejo nevoeiro denso, opaco mesmo. Olho para o presente e há poeira num trilho de areia em que há pedra, silva, vala, montanha, vento e tempestade. Tenho a roupa colada a suor e pó ao corpo e os ténis sujos e rasgados.
Nunca vi uma placa. Às vezes tentei, como os antigos, decifrar augúrios divinos no vôo das aves ou nas tripas de um animal atropelado, mas nada de revelador.
As minhas incursões na sociedade têem sido feitas pela porta das traseiras, às escondidas e sem ter bem a certeza se era ali que queria estar. Mas como me vesti do avesso, não consegui permanecer muito tempo sem ser descoberta e expulsa.
Muitas das decisões que tomei na vida foram às cegas e sem saber o que me esperava do outro lado da porta. Às vezes era apenas uma porta pintada na parede, mas eu mesmo assim corria para ela. Tinha esperança até ao último minuto que ela se fizesse porta e se abrisse para mim. Só porque sim. Só pela esperança … Essa, surpreendentemente, nunca desentranhou.
eu não quero estar parado. fico velho. vou marchar até ao fim. isolado. nesta marcha solitária. dou o corpo ao avançar. neste campo aberto ao céu.
ninguém sabe para onde eu vou. ninguém manda em quem eu sou. sem cor nem deus nem fado. eu estou desalinhado.>